sexta-feira, 28 de maio de 2010

Entrevista de Paulo Valério ao Jornal As Beiras

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Chega de escolhas feitas à mesa de café

O que mudará na liderança da concelhia socialista caso vença?
O PS em Coimbra não precisa, unicamente, de mudar de líder. Precisa, principalmente, de mudar de vida. Assusta-me, por exemplo, que se centre o debate na suposta “capacidade de trabalho” de um qualquer candidato. O programa resulta de um ciclo de cinco debates temáticos, de um fórum online e de dezenas de reuniões semanais abertas. Quanto à lista, só nos primeiros trinta nomes, metade candidata-se pela primeira vez e a sua média de idades ronda os 40 anos, juntando jovens quadros e militantes mais experientes. Queremos reproduzir esta filosofia no nosso mandato à frente da concelhia. O PS não voltará a apresentar-se a eleições autárquicas com um programa em cima do joelho, com um candidato em cima da hora e com listas destinadas a tapar buracos internos.

O principal desafio do próximo presidente da concelhia é unir o partido?
A unidade não é um valor absoluto. Quando ouvimos falar em unidade no seio dos partidos, isso normalmente significa adesão acrítica à vontade do líder. Não nos revemos nisso. É um expediente falacioso, que na melhor das hipóteses alimenta uma paz tão podre quanto indesejável. O próximo presidente da concelhia tem, isso sim, que ser o primeiro a estimular a discussão, procurando fazer convergir os socialistas a partir da diversidade dos seus pontos de vista. Com responsabilidade, todos poderão fazer valer as suas opiniões, desde que sem ferir a imagem externa do partido e com um sentido construtivo.

O que justificou uma pré-campanha tão centrada no debate interno?
Não nos parece que, depois do processo de construção programática que a candidatura “Coimbra com Futuro” empreendeu, faça sentido falar de uma pré-campanha centrada apenas no debate interno. Desde o passado dia 16 de Março que o nosso projecto debateu Urbanismo, Cultura, Desenvolvimento Económico e Social, Associativismo, Educação e Cultura, com mais de vinte especialistas. A nossa candidatura esteve sempre virada para fora.

A vitória na concelhia significará uma futura candidatura ao município?
Não existe nenhuma relação directa. Embora, futuramente, se deva pensar num modelo de eleições primárias que envolva os militantes e os cidadãos na escolha de todos os candidatos do partido. Já chega de sujeitar as pessoas a candidatos escolhidos por meia dúzia, à mesa de um café. Nesse contexto, não posso dizer que exclua a possibilidade de concorrer à Câmara Municipal de Coimbra. A seu tempo. E ainda falta muito tempo.

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