
A respeito, vão-se ouvindo as vozes do costume. Umas, que a culpa é do Governo, que não gosta de Coimbra. Outras, que a culpa é da Câmara, que tem afundado a cidade. Ambas, na simplicidade, quase pueril, dos seus argumentos, interessadas em fazer valer as normais disputas entre PS e PSD, mais do que em revelar as razões fundas da nossa agonia. Ora, não pretendo eu, na "simpatia" da minha "juventude", cavar mais fundo esse terreno. Mas, contando com alguma condescendência, atrevo-me a dizer duas coisas: uma, que têm ambos razão. Outra, que não têm razão nenhuma.
Tenho pouco jeito para teorias da conspiração e obrigo-me a resistir-lhes, vai para uma mão cheia de anos. Mas começo a ficar impaciente com esta sucessão de "lamentáveis coincidências", talvez conjugações astrais, que apoucam Coimbra semana após semana e que, se não têm culpados, terão pelo menos autores. Não me parece interessante integrar o assunto na categoria das coisas que ninguém faz, mas que aparecem feitas. E vai sendo tempo de pedir responsabilidades, quer ao Governo, quer à Câmara. Se não têm culpa, que encontrem os culpados. Se não carregam a culpa toda, pois que a dividam entre si.
Mas o apuramento dos culpados, mesmo o seu sacrifício na fogueira, não resolveria, por si só, o problema. Governo e Câmara, para este efeito, são reflexo de uma cidade que não mudará enquanto não assumir, ela própria, as suas responsabilidades. Cabe-nos a todos, de todas as idades e em todos os partidos, defender os interesses de Coimbra mas, sobretudo, afirmá-la por inteiro, com excelência, em várias frentes:
na ciência, na economia, na cultura e – muito especialmente – na política. Nenhum vento será favorável, se não soubermos para onde vamos. E se, depois de sabermos, não formos mesmo.
Paulo Valério no JN
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